Prevenção do Suicídio

I

Responsáveis pela saúde

Com ideias inovadoras

Protelam o ataúde

Com medidas dissuasoras

II

Aumenta a taxa suicida

Neste estado deprimente

Sobe o preço da bebida

Do vinho e da aguardente

III
Como em muitas situações
Há falta de equidade

Quem possui alguns milhões
Suicida-se à vontade  

Reforma do Estado

I
Sobre a reforma estatal
Não tenhamos ilusões
O objectivo final
É sacar alguns milhões

II
Os ditos reformadores
Com seus créditos formados
Atacam os trabalhadores
Incluindo os reformados

III
Aceleram a rotura
Com um processo disforme
Que é chegada a altura
De haver alguém que os reforme

Mercados & mercados

I

O Zé Povinho coitado

Como há muito não se via

Não frequenta os mercados

Anda de barriga vazia

II

O partido da alternância

Já se está a mover

Incrementa a militância

Há sempre algo para roer

III

O país a dar o tiro

A desfazer-se aos bocados

Ufana-se o Executivo

Com o regresso aos mercados

Um discreto réveillon

Três amigos com bom dinheiro

que o destino juntou

Algures no Rio de Janeiro.

Sobre o tema do encontro

Pouco ou nada transpirou.

O primeiro grande senhor

Um tanto bronco e iletrado

Foi por mérito transformado

Num luso-rasca doutor.

O segundo compareceu

Gozou, comeu e bebeu.

O terceiro ziguezagueando

Em trajectórias errantes

Lamenta-se vertendo pranto

Por perder um bem antigo.

Anima-o o primeiro amigo,

Já és mais rico que eras dantes.

Televisão "inducativa"

I

A maior parte dos assuntos

Passados na televisão

São geradores de bestuntos

E falta de educação

II

Injecções de estupidez

Convenhamos que é demais

Aumentam por sua vez

Os atrasados mentais

III

Além de tantas balelas

Acrescenta-se ainda ao rol

Centenas de telenovelas

E overdoses de futebol

O relatório do FMI

I

Debita um papagaio

Na nossa televisão

Surge logo como um raio

American English versão

II

Relatóro em oposição

A uma pura verdade

Da mesma organização

Contra a austeridade

III

O relatório ataca os fracos

Gerando incríveis temores

Só para tapar os buracos

Abertos por grandes senhores

IV

Documento deste quilate

Só nos vai trazer chatice

Não seria disparate

Rasgar já essa merdice

DN

As nossas medalhas de ouro

I

O Governo no orçamento

Voltou à reincidência

Guinda-se neste momento

A líder da incompetência

II

Nesta geral confusão

Não desvia a sua rota

E arrebata o galardão

Do mais tanso da Europa

III

Rogando preces ao céu

Na dívida de olhos postos

Honra-nos com o troféu

Dos pagadores de impostos

Limpeza da coelheira

I

Temos uma nova paródia

À volta do orçamento

É uma tal mixórdia

Que a leitura é um tormento

II

Surgiram as confusões

Em quadra outrora festiva

Com vorazes glutões

A estragar a nossa vida

III

Para extirpar o sofrimento

Há que saltar a barreira

É chegado o momento

De extinguir a coelheira