Números imaginários e carteiras vazias

I

Estamos a ser alvejados

Por números constantemente

Tentam sarar os bocados

Onde ferraram o dente

II

Aumentam as exportações

O desemprego a baixar

PIB e défice aos sacões

Agora é que isto vai dar

III

O desespero das pessoas

Pouco ou nada que incomode

Imaginam coisas boas

Para enrolar o pagode

IV

Passos já poucos ilude

Com a estafada canção

Números de boa saúde

Ao invés do cidadão

V

Prejuízo incalculável

Com esta brutal razia

Para o povo o mais palpável

É a carteira vazia

Os desvios do BPN são letra morta?

I

Ex-Ministro Dias Loureiro

Foi por Passos elogiado

Um louvor pró rasteiro

Ex-Conselheiro de Estado

II

Loureiro de folha perene

Tem a fauna que o suporta

Os desvios do BPN

Para alguns são letra morta

III

Se olhar com atenção

Para o labor da equipa

Vê força de coesão

Esvaziando massa da pipa

IV

Sócrates em prisão preventiva

Ainda sem culpa formada

Loureiro a tudo se esquiva

Com ajuda esfarrapada 

Assim falou o Dalai Lama

I

O Homem ao juntar dinheiro

Deixa a saúde abalar

Vai gastá-lo por inteiro

A fim de a recuperar

II

Pensa sempre no amanhã

O presente é osso duro

Sua vida é pobre e vã

Sem presente nem futuro

III

Julga que não vai morrer

Algo que não faz sentido

Acaba por falecer

Sem o gosto de ter vivido

Quadras baseadas no seguinte pensamento do Dalai Lama:

“O que mais me surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.”